O
estresse do dia a dia e a necessidade de fazer diversas coisas ao mesmo
tempo podem fazer a fadiga perturbar a rotina, o que torna difícil até
mesmo atividades corriqueiras. No entanto, nem sempre essa fadiga quer
dizer que você está precisando apenas de um descanso. Confira o que pode
estar por trás dessa sensação de cansaço incessante.
Pouco tempo de sono
O
período do sono serve para repor nossas energias. É nesse período que
acontece a síntese de proteínas, fazendo com que o cansaço do dia
desapareça. Assim, se não há o tempo de sono adequado, a fadiga bate à
porta.
"A
quantidade de sono necessária depende do cansaço físico e mental, da
idade e até da genética de cada indivíduo. Em média, um adulto deve
dormir entre sete e oito horas por dia", explica Shigueo Yonekura,
neurologista e especialista em sono do Instituto de Medicina e Sono.
Para
que o seu sono tenha qualidade, é necessário que ele passe por todos os
estágios, sendo cinco ao todo. Os dois primeiros representam o sono
superficial, consumindo entre 55 e 60% do tempo dormido. Nos estágios
três e quatro, acontece o descanso "físico", que dura 20% do tempo. O
quinto e último estágio ocupa os 20% restantes do tempo e nele acontecem
os sonhos, considerados importantes para preservar a memória.
Apneia do sono
Esse
distúrbio é caracterizado pelo fechamento repetitivo da passagem do ar
pela garganta durante o sono, podendo interromper a respiração por até
40 segundos. Essas pequenas paradas fazem com que o indivíduo acorde
durante a noite, interrompendo o sono. "Fadiga, falta de concentração,
alteração de humor e perda de memória e libido são sintomas comuns de
quem sofre de apneia", conta o neurologista Shigueo Yonekura.
Para
detectar o problema, é necessário procurar ajuda médica, pois apenas
exames em um laboratório de sono podem indicar o distúrbio. Em alguns
casos, o tratamento se restringe à perda de peso, já que a gordura em
excesso na região do pescoço estreita ainda mais a laringe, provocando a
doença.
Subir
um lance de escadas e já ficar cansado é apenas um dos incômodos que a
vida sedentária traz. É comum pessoas que não fazem nenhuma atividade
física se sentirem fadigadas ao menor sinal de esforço.
Isso
se deve à falta de condicionamento do sistema cardíaco, ou seja, o
coração não bate saudável a ponto de mandar sangue para o corpo todo.
Desse modo, explica o cardiologista João Vicente da Silveira, do
Hospital São Luiz, por causa do acúmulo de ácido lático nos músculos, o
sistema muscular acaba fraco.
Para
resolver esse problema, não há outra solução: mexa-se! "O sedentário
tem que se mexer, fazer caminhada, natação, hidroginástica", aconselha
João Vicente, que lembra que a falta de tempo ou dinheiro não é desculpa
para ficar parado. Descer do ônibus a dois ou três pontos de seu
destino, caminhar até a padaria ou o banco, trocar o elevador pela
escada são dicas valiosas para quem ainda insiste em dar desculpas.
Anemia
A
sensação de fadiga pode estar ligada a essa doença, que nada mais é do
que a diminuição da hemoglobina, responsável pelo transporte de oxigênio
e nutrientes pelo corpo.
"Quem
tem anemia acaba transportando menos substâncias, o que não é aceito
pelo organismo. O coração exige mais trabalho, levando ao fracasso dos
músculos", esclarece o nutrólogo José Alves Lara Neto, vice-presidente
da ABRAN (Associação Brasileira de Nutrologia). Com tratamento, a fadiga
desaparece completamente.
Alergia ao glúten
Quem
possui essa alergia alimentar, segundo o nutrólogo José Alves Lara
Neto, sente-se sem energia para nada. Ele explica que isso acontece
porque a glutenina, proteína formadora do glúten, provoca uma irritação
no intestino, diminuindo a absorção de outras substâncias. Por isso, é
importante detectar rapidamente a alergia ao glúten.
Consumo de café
Quem
diria! A cafeína, conhecida por fornecer energia, pode ser o agente
causador da fadiga inexplicável. Essa substância é termogênica, logo,
obrigará teu organismo a gastar mais energia. No entanto, quando você
não tem essa energia para gastar, tudo o que fica é o cansaço, a
moleza... "Ela não dá energia, só estimula a gastar", sintetiza o
nutrólogo José Alves Lara Neto.
Desidratação
O
consumo de água adequado é vital para o bom funcionamento do organismo.
Assim, o corpo desidratado está disfuncional. "A água serve pra manter a
temperatura do corpo. Se você não toma muita água, o seu organismo vai
esquentar e cansar muito rápido", conta o nutrólogo José Alves Lara
Neto.
Para
saber qual é a quantidade certa de água que você deve consumir
diariamente, multiplique seu peso por 0,03. Seguindo esse cálculo, uma
pessoa de 70 quilos deve tomar, aproximadamente, 2,1 litros de água por
dia.
Cigarro
Mais
um motivo para largar o cigarro: ele te cansa, e por vários motivos. O
primeiro deles, segundo a pneumologista Maria Vera Cruz de Oliveira
Castellano, do Hospital do Servidor Público Estadual é que quem fuma tem
maior concentração de monóxido de carbono no sangue, que compete com o
oxigênio para fazer ligação com a hemoglobina. Assim, o fumante tem
menor concentração de oxigênio correndo pelo sangue, o que dá a sensação
de fadiga.
Outro
motivo é que, entre os componentes do cigarro, estão alguns que
aceleram o catabolismo - conjunto de reações metabólicas que liberam
energia no organismo -, levando à perda desnecessária dessa energia.
Além disso, a nicotina diminui a quantidade de oxigênio que chega à
periferia do organismo, piorando o cansaço.
"Por
último, quem fuma tem perda maior de função pulmão por causa da ação
dos componentes do cigarro no órgão. Eles levam à inflamação dos
brônquios, que ficam mais obstruídos. Vários componentes oxidantes
destroem as ligações entre os alvéolos, causando enfisema pulmonar",
completa a pneumologista, enfatizando que isso leva à fadiga. Se esse é o
seu caso, não há saída além de apagar o cigarro.
Diabetes
Quando
mal controlada, essa doença também causa fadiga. O diabetes, explica o
endocrinologista César Hayashida, do Hospital Santa Cruz, causa
desequilíbrio no metabolismo, desequilibrando também a parte do controle
de líquidos do corpo.
"Existe
a deficiência relativa ou absoluta de insulina, então o metabolismo de
nutrição não é feito de maneira adequada. Assim, há perda de liquido e
desidratação", pormenoriza. Esse desarranjo é o grande responsável pela
fadiga em portadores do distúrbio. Com o controle da doença, entretanto,
a fadiga tende a melhorar consideravelmente.
Distúrbios da tireóide (hipotireodismo ou hipertireodismo)
Embora
sejam dois distúrbios extremos, tanto o hipotireoidismo quanto o
hipertireoidismo podem causar fadiga, embora não da mesma forma. No caso
do hipertireoidismo, o doente tem o metabolismo acelerado, o que faz
com que seu corpo faça um esforço desnecessário. Assim, mesmo sem
qualquer atividade física, seu coração baterá mais acelerado. Em dias
quentes, ela sente cansaço equivalente ao da prática de atividade
física.
Já
no hipotireoidismo, acontece o contrário. "Como também há alteração no
funcionamento do coração, a pessoa fica cansada sem fazer esforço",
conta o endocrinologista César Hayashida. É como se tudo ficasse mais
lento, até mesmo o cérebro, dificultando a execução de tarefas.
Síndrome da fadiga crônica (SFC) ou fibromialgia
A
síndrome da fadiga crônica (SFC) é um mal sem causa identificada,
comumente associada à fibromialgia, onde o quadro de cansaço não melhora
nem com o descanso. É complicado, até mesmo para especialistas, separar
essa síndrome da fibromialgia, que é uma síndrome de amplificação
dolorosa não inflamatória e crônica de difícil diagnóstico. Isso porque a
fadiga aparece na grande maioria dos casos de fibromialgia, que também
pode estar relacionada a dores e distúrbios do sono do paciente.
"A
fibromialgia é uma doença que tem a fadiga como um dos sintomas
principais. Ao mesmo tempo, na síndrome da fadiga crônica, o principal
sintoma também é a fadiga. Então, pode acontecer do paciente ter as duas
doenças", conta Roberto Heymann, coordenador do ambulatório de
fibromialgia da Unifesp.
A
fadiga causada por esses distúrbios é arrebatadora. O doente já acorda
de manhã muito cansado, o que piora durante o dia e, apesar de
descansar, o cansaço não melhora. Se esse quadro persistir durante três
meses, é importante procurar um reumatologista, que saberá diagnosticar.
"A fibromialgia é um diagnostico de inclusão, ou seja, se o paciente
preenche os critérios, ele tem. Na SFC, você tem que afastar outras
doenças", explica Heymann, que reitera que, ao contrário de doenças
virais ou autoimunes, nenhum dos dois distúrbios causa fadiga muscular,
mas sim a falta de energia.
Embora
ainda não exista tratamento adequado para essas síndromes, ele tem sido
feito com o uso de antidepressivos, derivados de anfetaminas (para
melhorar o quadro de falta de energia) e até mesmo GH (hormônio do
crescimento), além de atividades físicas e medidas para a melhoria da
qualidade de sono do paciente.
Depressão
Para
o depressivo, é ainda mais difícil conseguir forças para realizar
qualquer atividade, até mesmo as mais corriqueiras. A extrema falta de
energia e vontade é um dos principais sintomas da doença, que também
incluem queda de concentração, alterações do apetite e sono e
pensamentos negativos constantes.
Depressão
é coisa séria e exige tratamento adequado, que envolve terapia e uso de
medicação. "Em geral, a fadiga melhora com o uso de antidepressivos,
principalmente os que aumentam a noradrenalina".
Estresse
Nosso
corpo tem um balanço de forças motivadoras e calmantes - os sistemas
noradrenérgico e serotoninérgico. Enquanto o primeiro faz com que você
tenha força e vontade, o segundo está ligado à calma. Toda vez que o
indivíduo passa por situações de estresse, há um descompasso desse
balanço. "Se há predomínio da serotonina em relação à noradrenalina, há a
fadiga", explica Sérgio Klepacz, psiquiatra do Hospital Samaritano. Se
esse é o seu caso, está na hora de relaxar!
Doenças cardíacas
A
fadiga é o primeiro sintoma que indica que algo não está bem com o seu
coração. Quando ele está fraco ou dilatado, não bombeia o sangue com
eficiência, causando a fadiga. Por isso, a fadiga é o primeiro sintoma
de inúmeras doenças cardíacas: angina, infarto agudo do miocárdio,
pós-infarto, artérias entupidas, pressão alta, insuficiência cardíaca,
arritmia, doenças valvulares, fibrilação atrial, entre outras.
"O
sangue chega muito devagar em todas as partes do organismo, inclusive
no cérebro, o que favorece o aparecimento do Alzheimer", alerta o
cardiologista João Vicente da Silveira. Por isso, ele ressalta a
importância do check-up, principalmente a partir dos 40 anos.
minhavida
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